Quando a Obsidian lançou o The Outer Worlds, para muitos foi a realização de um sonho. Desenvolvido por um estúdio aclamado pelas ambientações que cria, o jogo tinha um estilo muito parecido com a era em primeira pessoa da franquia Fallout, com ele servindo como uma espécie de sucessor espiritual para o RPG da Bethesda. Apenas quatro anos depois o excelente título recebe uma remasterização, mas o que poderia ter sido muito bom tem se mostrado um desastre.
Prometendo melhorias que iriam muito além de uma mera maquiagem no visual, a The Outer Worlds: Spacer's Choice Edition traria uma inteligência artificial aprimorada, com o seu mundo aberto passando uma melhor sensação de profundidade e as condições climáticas parecendo mais naturais. No caso do PlayStation 5 o jogo ainda aproveitaria os gatilhos adaptáveis do DualSense, tudo para fazer com que a experiência fosse a mais imersiva possível.
Somado a isso ainda teríamos melhorias no sistema de partículas, uma luz volumétrica mais bonita e uma resolução 4K, rodando a 60 FPS. Tudo indicava que a remasterização valeria a pena, mesmo se aceitássemos pagar os R$ 53,90 que a editora estava cobrando para termos acesso à atualização.
Porém, não foi apenas a obrigação de termos que pagar que desagradou os fãs. O problema é que só teriam direito a esse upgrade aqueles que tivessem, além do jogo base, as duas expansões lançadas para ele. Ou seja, para quem ainda não havia adquirido os DLCs Peril on Gorgon e Murder on Eridanos, seria preciso gastar mais R$ 193,50 no passe de expansão que nos dá acesso ao conteúdo adicional. Isso ou partir direto para a Spacer's Choice Edition, cujo preço (na promoção) é de R$ 254,00 no Steam e no Xbox Series S|X, ou R$317,50 no PlayStation 5.
Contudo, assim que esta nova versão foi disponibilizada começaram a circular reclamações sobre o estado do jogo. Olhando as avaliações no Steam é possível ver uma enxurrada de críticas, quase todas relacionadas a como a remasterização tem rodado muito pior que o original. Até o momento em que escrevia esse artigo, apenas 19% de 225 pessoas avaliaram o The Outer Worlds: Spacer's Choice Edition positivamente, algo muito diferente dos 84% do original.
Segundo relatos, mesmo em máquinas mais parrudas o título tem sofrido para manter a prometida taxa de atualização de frames, inclusive ao deixar a configuração no médio. Uma solução seria reduzir a qualidade dos gráficos até o ponto em que eles fiquem parecidos com a versão anterior. Porém, ao fazer isso, fica a sensação de que investir nesta remasterização deixa de ser tão interessante.
Mas não pense que os problemas estariam acontecendo apenas nos computadores. No Reddit é possível encontrar várias pessoas relatando a mesma situação tanto no PlayStation 5 quanto no Xbox Series X. No geral, as recomendações são para não comprarmos esta nova versão, pelo menos não até que correções sejam feitas e o jogo passe a ter um desempenho muito melhor. Porém, será que isso realmente acontecerá?
Nos últimos anos vimos diversas remasterizações fazerem justamente aquilo que não deveriam, que é estragar jogos que antes eram muito bons. Isso aconteceu, por exemplo, com o Mafia 2 Definitive Edition, versão que apresentou um framerate muito ruim, além de apresnetar vários problemas com as texturas e o áudio. O Warcraft III: Reforged é outro que também não foi bem recebido pelos fãs, com o jogo sofrendo com bugs e apresentando uma qualidade visual bem inferior ao que tinha sido mostrado antes do lançamento.
Mas se há dois títulos que certamente figuram entre os mais odiados, são o Silent Hill HD Collection e o Grand Theft Auto: The Trilogy. Enquanto o primeiro sofria com texturas horríveis e até com personagens que foram (pessimamente) redublados, o segundo mostrou-se um show de horrores, com a suposta utilização de inteligência artificial para recriar o visual tendo dado origem a situações bizarras.
O problema é que na maioria desses casos as falhas foram pouco ou nada corrigidas, com tais jogos permanecendo como ótimas demonstrações do que uma remasterização não deveria fazer. Isso não quer dizer que o The Outer Worlds: Spacer's Choice Edition também será “abandonado”, mas o prognóstico não é dos melhores.
Embora a Obsidian Entertainment possua um histórico de jogos que chegaram ao mercado sem todo o conteúdo planejado, é de se imaginar que o estúdio quisesse dar a devida lapidação à sua cria. Porém, com a desenvolvedora atualmente dedicada a criação do The Outer Worlds 2, a remasterização ficou aos cuidados da Virtuos Games e teve sua publicação feita pela Private Division, que por usa vez é uma subsidiária da Take-Two.
Isso inclusive tem feito algumas pessoas defenderem os criadores do original, sob a alegação de que tudo não passa da mais pura ganância da editora. O irônico é a constatação de este ser justamente “um jogo sobre a ganância corporativa e colonialismo.” Enquanto isso, uma obra de arte como o Fallout: New Vegas continua sem uma versão atualizada, mas convenhamos, se for para os envolvidos num projeto como este mirarem apenas no faturamento, prefiro que o jogo continue como está.
Quanto a vontade que tinha de adquirir o The Outer Worlds: Spacer's Choice Edition, todas as reclamações que tenho lido nas últimas horas só ajudaram a reforçar algo que vinha pensando desde que o lançamento foi anunciado: o melhor é continuar com a minha cópia para PlayStation 4, pois no atual console da Sony ele mantêm 60 FPS. Além disso, por não se tratar de um jogo antigo, ainda o considero muito bonito e acho que posso conviver sem as outras melhorias.
Fonte: PCGamer
The Outer Worlds e a fantástica máquina de moer bons jogos - Meio Bit
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