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Friday, January 5, 2024

“Besta do medo”: Groenlândia abriga vermes gigantes de 518 milhões de anos - Olhar Digital

Com o passar das eras, a ciência descobre animais cada vez mais estranhos e surpreendentes. Dessa vez, a “surpresa” veio no norte da Groenlândia: antigos e enormes vermes predatórios com 518 milhões de anos foram descobertos onde vários fósseis do início do período Cambriano descansam no Sirius Passet Lagerstätte.

Os recém-descobertos animais foram nomeados de Timorebestia, termo em latim para “besta do medo”. A descoberta dos cientistas traz novas ideias sobre curioso grupo de vermes predatórios que seguem entre nós.

Leia mais:

Quetógnatas

  • As quetógnatas são predadores marinhos que caçam pequenos zooplânctons no oceano;
  • Hoje, são animais relativamente pequenos, alcançando apenas entre três milímetros e um centímetro;
  • Mas seus recém-descobertos parentes, os Timorebestia koprii, são “monstros” quando comparados com as quetógnatas: eles possuíam cerca de 30 centímetros!

Segundo o IFLScience, os vermes-gigantes foram encontrados em região de fósseis que datam de cerca de 518 milhões de anos. Acredita-se que eles são um dos carnívoros mais antigos a caçarem na coluna de água no início do período Cambriano.

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Recriação artística do Timorebestia (Imagem: Artwork by Bob Nicholls/Instagram/@BobNichollsArt)

Eram criaturas peculiares, com longas antenas e impressionante conjunto de mandíbulas, que eram localizadas na parte interna de suas cabeças. Essa característica os diferenciam das quetógnatas, que possuem mandíbulas do lado de fora de suas cabeças.

Naturalmente, um verme do tamanho de uma régua não seria tão intimidador para o Homo sapiens. Contudo, eles poderiam muito bem ser ameaça significativa para os demais animais que nadavam ao seu lado na coluna de água.

Nossa pesquisa mostra que esses antigos ecossistemas oceânicos eram bastante complexos, com cadeia alimentar que permitia vários níveis de predadores. As temíveis feras eram gigantes em sua época e estariam perto do topo da cadeia alimentar. Isso os tornam equivalentes em importância ante alguns dos principais carnívoros dos oceanos modernos, como tubarões e focas do período Cambriano.

Dr. Jakob Vinther, das Escolas de Ciências da Terra e Ciências Biológicas da Universidade de Bristol e autor sênior do estudo, em comunicado

Predadores natos

Os pesquisadores indicaram no estudo, publicado na Science Advances, que encontraram provas da destreza predatória das Timorebestias em seus sistemas digestivos fossilizados, onde restos de Isoxis estavam sendo digeridos antes da fossilização do verme-gigante.

Os Isoxis eram artrópodes nadadores comuns àquela época, cujas defesas eram, aparentemente, inúteis contra as Timorebestias.

Podemos ver que estes artrópodes [eram] fonte de alimento [para] muitos outros animais. Eles são muito comuns no Sirius Passet e tinham longos espinhos protetores, apontando tanto para frente quanto para trás. No entanto, eles claramente não conseguiram evitar completamente esse destino, porque a Timorebestia os mastigou em grandes quantidades.

Morten Lunde Nielsen, ex-estudante de doutorado em Bristol que participou do estudo
Timorebestias mediam até incríveis 30 centímetros (Imagem: Dr Jakob Vinther)

Líderes dos mares

O sucesso desses animais como caçadores marinhos durou em torno de dez a 15 milhões de anos ao lado das quetógnatas, antes que os artrópodes dominassem os mares, segundo estimativa de Vinther.

Estamos muito entusiasmados por termos descoberto predadores tão únicos em Sirius Pass. Ao longo de uma série de expedições ao remoto Sirius Passet, nos confins do norte da Groenlândia, mais de 82,5˚ ao norte, coletamos grande diversidade de novos organismos interessantes.

Graças à preservação notável e excepcional do Sirius Passet, também podemos revelar detalhes anatômicos emocionantes, incluindo seu sistema digestivo, anatomia muscular e sistema nervoso.

Temos muitas outras descobertas interessantes para compartilhar nos próximos anos, que ajudarão a mostrar como eram e evoluíram os primeiros ecossistemas animais.

Tae Yoon Park, do Instituto Coreano de Pesquisa Polar, outro autor sênior do estudo e líder da expedição de campo

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