Em setembro de 1991, dois alpinistas encontraram um corpo preservado no gelo, quando escalavam um vale em Tirol do Sul, na Itália. Análises revelaram que se tratava, não de mais um aventureiro, mas de uma múmia do neolítico, preservada por mais de cinco milênios. Agora, um estudo revela características curiosas sobre esse indivíduo, que era negro, possivelmente calvo e com um forte ascendência anatólia.
Desde a sua descoberta, o corpo tem sido estudado extensivamente, mas, até agora, os pesquisadores viam o homem, que foi apelidado de Ötzi, como um europeu contemporâneo. Uma das reconstruções artísticas, inclusive, o retrata como uma pessoa branca, com cabelos longos e ligeiramente grisalhos.
“As pessoas presumiram que um europeu ancestral tinha pele clara, mas essa é uma característica recente que só começou a aparecer há cerca de 7 mil anos”, afirma Johannes Krause, autor sênior do artigo publicado no periódico Cell Genomics, nesta quarta-feira, 16, em entrevista a VEJA. “É notável como a reconstrução foi influenciada pelas nossas próprias pré-concepções de um ser humano da idade da pedra da Europa.”
O mais curioso é que o novo estudo apenas confirma a aparecia observada na múmia que, não por acaso, também era careca e apresentava indícios de pigmentação da pele. A concepção anterior, no entanto, não era completamente infundada, pois um estudo de 2012, também genético, havia sugerido aparência semelhante a dos europeus contemporâneos, mas utilizando técnicas menos robustas e amostras muito contaminadas por quem as manuseou.
A ancestralidade do cadáver também foi uma surpresa, pois ela revela uma ascendência 92% anatólia, semelhante a dos primeiros agricultores. “Isso sugere que ele pode ser de uma população relativamente isolada, com pouco contato com comunidades de caçadores-coletores que dominavam a europa”, diz Ke Wang, primeiro autor do artigo. Justamente por isso, não é possível dizer, com certeza, se esse corpo é uma boa representação de outros humanos que viveram na mesma época.
Encontrado há quase 33 anos, a múmia pertence a uma homem que morreu há algo entre 5400 e 5300 anos, possivelmente após ser atingido por uma flecha. Na época, os alpes não estavam completamente cobertos de gelo e Ötzi, provavelmente, correndo em fuga, sem sucesso. “Ele é a única múmia preservada da idade da pedra na Europa”, diz Krause. “Conserva todo o equipamento, como sapatos e roupas, fornecendo insights importante sobre a vida das pessoas nesse período do neolítico.”
Estudo revela que Ötzi, o homem do gelo, era negro e possivelmente calvo - VEJA
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