A Nasa finalmente anunciou seus planos para aposentar e derrubar a Estação Espacial Internacional (ISS). Em janeiro de 2031, o laboratório orbital deve fazer uma queda controlada, para encontrar seu descanso no fundo do Oceano Pacífico.
Os últimos nove anos de operação, porém, serão provavelmente os mais importantes e atribulados de sua história. A agência espacial norte-americana divulgou, na última segunda-feira (31), as metas finais da ISS:
- permitir a exploração do espaço profundo;
- conduzir pesquisas para beneficiar a humanidade;
- inspirar nossa espécie a alcançar maiores alturas;
- liderar e incentivar a cooperação internacional;
- ajudar a indústria privada de voos espaciais dos EUA a ganhar mais impulso.
"A Estação Espacial Internacional está entrando em sua terceira e mais produtiva década, como uma plataforma científica inovadora em microgravidade", disse Robyn Gates, diretor da ISS.
A Estação teve seu primeiro módulo lançado em 1998 e, após outros 42 lançamentos, ficou pronta para receber a primeira tripulação, dois anos depois. Desde novembro de 2000, nunca esteve desocupada, hospedando continuamente tripulações rotativas de astronautas. Até hoje, 51 pessoas de 19 países diferentes já viveram lá.
Como vai ser o funeral
A vida da ISS era inicialmente prevista para terminar em 2015, mas este prazo foi sendo prorrogado pela Nasa e seus parceiros internacionais. Após mais de três décadas em órbita, ela já estará muito antiga, com riscos de segurança e alto custo de manutenção. Falhas, como rachaduras e vazamentos, já têm sido encontradas —e algumas são impossíveis de se reparar no espaço.
O plano agora é que as atividades continuem normalmente até novembro de 2030, quando ela completará 30 anos de ocupação ininterrupta. Depois do Ano Novo, a estação será derrubada na Terra.
Mas é um processo controlado e seguro: ela vai realizar manobras precisas, para cair no local mais remoto do Oceano Pacífico, chamado Área Inabitada do Pacífico Sul (SPOUA) ou "Ponto Nemo". Serão utilizados seus próprios propulsores e também naves auxiliares para dar "empurrõezinhos".
A ISS é um laboratório científico de 4.044 toneladas, 73 metros de comprimento e 109 metros de largura, orbitando a Terra a 400 quilômetros de altitude, voando a uma velocidade de 7,66 quilômetros por segundo (cerca de 27 mil km/h). Mas ela não cairá assim inteira no mar.
Quando reentrar em nossa atmosfera, a pressão fará com que ela seja despedaçada e queimada, devido ao forte calor e energia do atrito com o ar. Inclusive, em alguns lugares do planeta será possível vê-la no céu como se fosse um meteoro brilhante.
Por ser tão grande, algumas partes devem resistir ao processo e afundar no oceano. Entre o leste da Nova Zelândia e o norte da Antártida, o Ponto Nemo é o local do planeta mais distante de qualquer costa, e se tornou um verdadeiro cemitério aquático para centenas de detritos espaciais nas últimas décadas.
A data exata ainda não foi definida, e dependerá de fatores como a atividade solar. As últimas tripulações irão recolher equipamentos, experimentos e desconectar os módulos, para que a estação se desintegre mais facilmente na reentrada.
Substituto da ISS
A Nasa não irá construir uma nova ISS. Neste período de transição, a agência tem encorajado projetos comerciais na órbita da Terra. Em dezembro de 2021, ela investiu um total de US$ 415 milhões em três empresas —Blue Origin (de Jeff Bezos, fundador da Amazon), Nanoracks e Northrop Grumman—, que lideram a corrida para construir suas próprias estações espaciais privadas.
Um outro acordo, com a Axiom Space, prevê o lançamento de módulos privados para a ISS a partir de 2024. Quando ela encerrar as atividades, esses módulos irão se separar e formar uma nova estação privada. Assim, a pesquisa orbital pode de alguma forma continuar —a Nasa poderá "alugar" postos nela, assim como faz com os lançamentos terceirizados da SpaceX.
"O setor privado é técnica e financeiramente capaz de desenvolver e operar destinos comerciais na órbita baixa da Terra, com a assistência da Nasa. Estamos ansiosos para compartilhar as lições aprendidas e a experiência de operações, para ajudá-los a desenvolver destinos seguros, confiáveis e com bom custo-benefício no espaço", disse Phil McAlister, diretor de operações comerciais da Nasa.
Manter a Estação Espacial Internacional é muito caro para o governo dos Estados Unidos. Sem ela, a agência poderá se dedicar a planos mais ambiciosos, como a exploração do espaço profundo e missões tripuladas a Marte, planejadas para a década de 2030. "A economia é estimada em aproximadamente US$ 1,3 bilhão em 2031, chegando a US$ 1,8 bilhão até 2033", afirma a agência em relatório.
A China, que foi banida da ISS por motivos de "segurança nacional" dos EUA, já lançou o primeiro módulo de sua própria estação espacial. Chamada Tiangong, deve ser finalizada e começar a operar até o final de 2022.
Já a Rússia, segundo país mais ativo da ISS, porém historicamente rival dos EUA, declarou que deixará o projeto em 2025 e também planeja construir sua própria estação espacial, que pode ser lançada em 2030.
Queda controlada: Nasa revela plano para aposentar Estação Espacial em 2031 - Tilt
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