É possível que, certo dia, um asteroide desavisadamente se choque com nosso planeta, a Terra, e… CABUM! Seria o fim dos humanos e de muitas outras espécies. Foi assim que inúmeros dinossauros foram extintos 66 milhões de anos atrás.
Como evitar que isso aconteça? Se você fizer essa pergunta para Miro Latansio Tsai, de 5 anos, ele sabe exatamente como começar: é preciso caçar asteroides! E Miro é um notório caçador de asteroides, veja só!
Asteroides são pedregulhos espaciais orbitando o nosso Sol. Tem aqueles pequeninos, praticamente irrelevantes, de até poucos metros de diâmetro, até outros com mais de 10 quilômetros de uma ponta à outra, como o que acabou com os dinossauros não avianos.
(Os dinossauros avianos são aqueles que evoluíram para as aves modernas; ou seja, se você ainda não sabia, temos dinossauros por todo lado e é capaz que você tenha comido um deles no almoço qualquer dia desses.)
Miro sempre foi apaixonado por natureza, espaço, ciências e matemática, conta a mãe, a advogada Carla. Ainda com 2 anos de idade, ele já sabia o nome de todos os planetas do Sistema Solar (você se lembra de todos eles?). Aos 4, Miro fez um desenho sobre o Big Bang e a expansão do Universo. Recentemente, assistiu à clássica série "Cosmos", dos anos 1980, apresentada pelo astrônomo Carl Sagan, e aprendeu ainda mais, de supernovas a buracos negros.
Carla e Jack, pai de Miro e administrador de empresas, perguntaram ao filho se ele queria aproveitar o tempo em casa, no início da pandemia, para participar de alguns projetos abertos ao público da Nasa, a agência especial americana, do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovações do Brasil, que hoje tem no comando o astronauta Marcos Pontes, e da IASC, sigla em inglês para Colaboração Internacional de Busca Astronômica.
Um desses projetos era justamente o Caça Asteroides, no qual pessoas de todo canto se debruçam sobre imagens no computador em busca dos pedregulhos espaciais. "Eu uso o programa [de computador] Astrometrica para analisar as imagens, que vêm do telescópio [Pan-Starrs] do Havaí", conta Miro.
Olhando com cuidado sequências de imagens espaciais, é possível, vez ou outra, identificar pequenos pontos que parecem se movimentar —pode ser um asteroide! "Tem que treinar, e ter uma boa visão, para conseguir achar o asteroide, e ter paciência", explica o caçador espacial. Já são 15 os objetos encontrados por Miro.
"Os estudantes, à medida que se dedicam ao tema, melhoram não só nele, mas também em outras matérias. A astronomia é apaixonante e outros jovens, ao ficarem sabendo [do programa], também querem participar", diz o astronauta Marcos Pontes.
Depois de apontados pelos participantes dos desafios, os candidatos a asteroides passam por um processo de validação bem cuidadoso, que pode demorar alguns anos. Só aí é possível saber características como o formato da órbita e a dimensão do asteroide (e o tamanho da encrenca caso ele passe perto demais da Terra).
Para ajudar colegas interessados em participar das caçadas de asteroides e de outros projetos capazes de salvar o mundo, Miro e seus pais criaram o Clubinho do Miro. Por meio de vídeos gravados e reuniões, a turma, que hoje conta com mais de 30 pessoas, entra em sintonia em busca do altruístico objetivo. A ideia, explica Carla, é, por meio da divulgação científica, aprimorar a formação das novas gerações.
Quando não caça asteroides, Miro está imerso em atividades escolares, entrevistas e reconhecimentos —o último deles, uma homenagem do governador de São Paulo, João Doria, nesta sexta (18). "Me sinto muito orgulhoso", revela.
"Quero parabenizar o Miro e seus pais. A ciência abre a mente. É essencial que as crianças a vejam como algo bacana, do qual elas gostariam de participar. Qualquer atividade no futuro estará ligada à ciência e tecnologia, e o Miro, com certeza, vai ser um profissional de sucesso em todas as carreiras que escolher", diz Pontes.
Quando crescer, Miro diz que quer ser engenheiro aeroespacial, mestre de kung-fu e piloto de monster truck —aquelas camionetes gigantes com pneus enormes. Parece muita coisa? Nunca duvide do Miro.
Menino brasileiro de 5 anos vira caçador de asteroides e ganha homenagens - Folha
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