A decisão de comprar uma smart TV pode empacar quando o consumidor se depara com uma variedade de siglas que definem as tecnologias adotadas nas telas: LED, Qled, Mini-LED e outras tantas sopas de letrinhas. O que significa tudo isso?
A princípio, todas são telas de LED, construídas com painel de cristais líquidos —material orgânico que flui como um líquido, mas tem alinhamento parcial de suas moléculas como um sólido. Sabe o famoso LCD (display de cristal líquido)? É ele mesmo, mas com variações. Já as telas Oled possuem outras particularidades.
O nome é parecido, mas o funcionamento é diferente. O que muda, tecnicamente, é a forma como essas telas são iluminadas e, claro, a percepção do espectador no que diz respeito a variedade de cores e contraste, garantindo pretos mais pretos e tons vibrantes, por exemplo. Veja abaixo:
LCD
Nas TVs, a tecnologia LCD funciona com dois painéis finos de vidro com cristais líquidos no meio. A TV é montada como se fosse um sanduíche, explica Reinaldo Borges Junior, professor dos cursos de engenharia do Centro Universitário FIAP, em São Paulo.
Esses cristais são eletricamente controlados, entre dois componentes transparentes (podemos chamar de lâminas), que se comportam como filtros polarizadores. Para formar a imagem da TV, além dos cristais, temos o backlight (uma iluminação traseira).
"O painel de cristais, quando iluminado por trás por uma lâmpada fluorescente branca, forma as imagens coloridas, pois ilumina as células de cores primárias (vermelho, verde e azul), popularmente conhecido como RGB, na sigla em inglês para red, green e blue", detalha Borges Junior.
LED
A sigla LED significa Light Emitter Diode (em português, diodo emissor de luz). Não é nada novo, pelo contrário, é uma tecnologia que remonta à década de 60. Trata-se de uma pequena lâmpada digital que usa semicondutores para produzir luz, em vez dos processos usados em uma lâmpada incandescente ou fluorescente. Na TV, se refere à luz de fundo.
Ou seja, a TV com tela de LED é um aparelho que possui o display de LCD e uma iluminação traseira (backlight), que utiliza vários diodos emissores de luz para a formação da imagem —e não luz fluorescente, como nas TVs LCD "raiz", digamos assim.
Além disso, na tecnologia LED, ao invés de a tela inteira receber luz, apenas alguns pontos são separadamente iluminados, trazendo melhor definição de imagens.
LED, Qled, Dled e Mini-LED funcionam igual: o LED produz a luz de fundo para que o painel de cristais líquidos forme as imagens.
"A diferença entre uma ou outra tecnologia se dá no tipo de fabricação desses LEDs, no seu tamanho e/ou no seu posicionamento atrás da tela (se lateral ou em todo o painel)", explica Marco Cremona, professor do departamento de física da PUC-Rio e coordenador do Laboratório de Optoeletrônica Molecular (LOEM).
Esses grupos de LEDs formam regiões cujo brilho é ajustado para corresponder às necessidades de iluminação das cenas exibidas na tela, tudo controlado por um processador — sim, sua TV tem um processador. Ter mais LEDs significa mais regiões controladas. Mais regiões controladas significam uma iluminação de cena mais precisa.
E o Mini-LED?
A TV com Mini-LED também usa os LEDs explicados acima, mas tem diodos emissores de luz menores e em maior quantidade, o que dá ao televisor mais controle sobre as regiões da tela que devem ser iluminadas. Os modelos desse tipo possuem alto nível de brilho e ótimo contraste. Cada pixel (pontinho que forma a imagem) gera cor mais precisa sem sofrer ou causar interferência eletromagnética no pixel vizinho no painel.
"Como o próprio nome indica, são LEDs 'encolhidos' — menos de 0,2 mm — o que permite a um fabricante criar uma matriz de iluminação de fundo composta por milhares ou dezenas de milhares de LEDs e centenas de zonas de controle", diz Cremona.
Qled
No caso da TV Qled (a sigla significa Quantum Dot Emitting Diodes), a letra "Q" representa "ponto quântico", um minúsculo nanocristal semicondutor 10 mil vezes menor que o cabelo.
Os pontos quânticos usados nesses modelos ficam entre o painel LCD e a luz de fundo LED. A tecnologia aumenta a precisão geral das cores e brilho de uma tela de TV LCD, explica o professor Cremona. Isso faz com que haja reprodução de uma enorme variação de tonalidades em ambientes pouco ou muito iluminados.
Vale notar que esta tecnologia não muda o processo de iluminação do LCD, porém, adiciona um filtro "Q" que nos mostra cores mais precisas.
Oled
Já o Oled significa Organic Light Emitting Diode (em português, diodo orgânico emissor de luz). Em vez de um semicondutor, o painel usa material eletroluminescente orgânico. Ou seja, que produz luz quando submetido a uma tensão elétrica específica.
"Enquanto um LED simples é essencialmente uma lâmpada regulável, um Oled é mais como uma lâmpada inteligente regulável colorida, capaz de produzir quase qualquer cor ou matiz em qualquer nível de brilho ou nenhum brilho", destaca o físico da PUC-Rio.
Com a tecnologia Oled, cada pixel é capaz de emitir a sua própria luz em resposta a uma corrente elétrica. Os pixels individuais também podem ser desligados completamente e, como resultado, as TVs são capazes de produzir pretos mais pretos ou profundos, com altos níveis de contraste e cores realistas.
"Quando a TV reproduz, por exemplo, a cor preta, a iluminação é simplesmente desligada, aumentando também a eficiência energética de consumo do aparelho de TV", completa Borges Junior. Como não há necessidade de luz de fundo, as TVs são mais finas do que aquelas que usam outras tecnologias LCD para TV.
Burn-in e Oled
A tecnologia Oled é mais suscetível ao fenômeno conhecido como burn-in, que deixa uma espécie de fantasmas na tela, afetando a experiência de assistir.
Segundo o professor da FIAP, o burn-in está relacionado à longa e contínua exibição de uma mesma imagem durante um intervalo de tempo longo. Um exemplo disso é quando o logo — ou a sombra dele — da emissora de TV insiste em ficar "fixo" na tela, mesmo depois de mudanças na cena.
Logomarca de canais esportivos, notas de rodapé de noticiários ou qualquer imagem estática são outros exemplos do fenômeno que marca a tela. Isso acontece por conta da emissão contínua de luz e o processo de funcionamento da tecnologia Oled", explica Borges Junior.
MicroLED
As telas microLED fazem parte de uma tecnologia mais nova. Segundo o professor da FIAP, ela junta as melhores características do LCD e do Oled, integrando inúmeros LEDs microscópicos capazes de emitir luz própria. Ela permite melhor eficiência energética, melhor contraste, maior possibilidade de brilho e vida útil, explica.
O físico Cremona afirma que cada micro diodo emissor de luz representa um pixel e cada um deles é autoiluminado, fornecendo automaticamente a sua própria cor. Ao contrário do Oled, os conjuntos microLED podem ser 30 vezes mais brilhantes e sem problemas de vida útil.
Logo, iremos ouvir falar muito ainda sobre as TVs microLED. A parte ruim é que as TVs microLED e Oled são mais caras, lembra Cremona.
LCD, LED, Oled, Qled: entenda de vez a diferença entre os tipos de tela - Tilt
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