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Tuesday, June 8, 2021

Ratchet & Clank: Em uma Outra Dimensão é como jogar um filme da Pixar - Adrenaline

Existem alguns games que juntam feitos artísticos e tecnológicos e com isso se tornam marcos, e "Ratchet & Clank: Em uma Outra Dimensão" tem potencial para isso. O jogo une as novas possibilidades que o hardware da nova geração oferece com um talento artístico e narrativo que o tornam uma das mais impressionantes experiências recentes que experimentei em games. 

Recebemos uma cópia para testes da Playstation Brasil, e no restante da análise vamos passar nossas impressões com o excelente game da Insomniac Games, testado em um Playstation 5. O game é exclusivo dessa plataforma, e chega no dia 10 de junho.

Tipo jogar um filme

Aparentemente a Insomniac Games sabia o nível de qualidade que atingiu com o game, e de propósito fez um começo bastante apoteótico, visualmente falando, para impressionar já de cara. O mundo é ricamente detalhado, com tanta coisa na tela que fica até difícil de perceber todos os detalhes. Enquanto você explode seus inimigos e quebra o cenário, tudo vira um caos de partículas e efeitos, e mesmo quando você está parado, ao seu redor o mundo é tomado por personagens vibrantes e animados.

Enquanto "Marvel's Spider-Man: Miles Morales" fez ótimo uso do Ray Tracing, o recurso é levado a um novo patamar em "Ratchet & Clank". Isso porque muitos objetos e cenários são ricos em objetos reflexivos ou cromados, e o resultado são belíssimos gráficos combinando a tradicional técnica da rasterização com esses detalhes com traçamentos de raios. É impossível não reparar em grandes superfícies reflexivas ou, principalmente, como Clanck - que é feito em metal - reflete com frequência no seu queixo os objetos que estão perto dele, tipo a cor do chão ou mesmo suas mãos, quando gesticula.

Os gráficos do game realmente impressionam

É uma pena que ao mesmo tempo que vemos o potencial dessa técnica, o jogo acaba escancarando as limitações atuais da geração. Fica muito evidente onde o Ray Tracing está sendo usado, comparado com a rasterização, e em algumas cenas isso acaba fazendo alguns elementos chamarem muito a atenção comparado ao restante, não criando uma cena "uníssona". Os raios de luz também ainda precisam ser feitos com o uso de poucos traços, então há vários reflexos que acabam tendo bastante ruído. Ainda vamos precisar de mais poder computacional para ultrapassar essas barreiras, mas a galera da Insomniac Games mostrou que dá para fazer muita coisa com o poder da atual geração.

O grau de qualidade gráfica do jogo fica evidente nas cutscenes. Toda a narrativa é feita dentro do motor do jogo, e não há praticamente em nenhum momento interrupções. É só girar a câmera e aproximar de um personagem para trazer alguma cinemática mais dramática, e o detalhamento dos modelos é tão alto que não há um impacto negativo na qualidade visual mesmo com a câmera "colando" nos heróis e nos antagonistas. E graças ao SSD, é muito difícil ter algum carregamento parando a ação, ou alguma textura "chegando atrasada".

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A qualidade é perceptível nos detalhes, mesmo aproximando a câmera de personagens ou dos objetos do mapa

Mas além dos modelos, as animações estão entre as melhores que já vi em games. Basta fazer capturas de telas em qualquer momento das cinemáticas para ver como cada quadro da animação tem um excelente trabalho na movimentação e nos semblantes do personagens, trazendo muita expressividade para todos os diálogos. É impossível não achar até o vilão Doutor Nefarious carismático, com seu jeito destrambelhado de se movimentar e a mania de falar tudo que está em sua cabeça, constantemente. É tipo um Claptratp, mas divertido. 

Gameplay redondo

Enquanto a estética impressiona, o gameplay tem suas qualidades. "Ratchet & Clank" é um daqueles jogos, como Croc ou Rayman, que você bate o olho e acha que são infantis, mas que podem meter o pé na sua bunda a adulta se você não se concentrar o bastante. As batalhas podem escalonar para um verdadeiro caos de tiros e inimigos na sua direção, e ficar se movendo pelo mapa, esquivando e principalmente, matando seus inimigos em um ritmo mais rápido do que eles aparecem, pode ser uma missão difícil dependendo da dificuldade que você escolher.

O game é desafiante e divertido

Joguei no nível intermediário, e isso já foi suficiente para o gameplay não ser um passeio no parque. Você precisa ficar ligado em upgrades para que suas armas ganhem potência e, muitas vezes, cartuchos de munição suficientes para dar conta de tudo que vai aparecer em cada fase do jogo. Falando nisso, a progressão é bastante equilibrada, e os desafios vão escalonando bem com a progressão que suas armas vão se tornando mais eficientes.

O jogo tem um bom conjunto de mecânicas, com segmentos focados em reflexos e saltos entre plataformas, sequências de combates, salões de puzzle, trechos de "corrida" e outras mecânicas que dão variedade ao game. Falando em variedade, o jogo em geral tem segmentos mais lineares, mas apostou em dar liberdade ao jogador em vagar em vários trechos, ou decidir para onde ir. A maior parte do tempo você acaba seguindo o trajeto para continuar a narrativa, mas essa liberdade presta um excelente trabalho de dar uma sensação de imersão nos mundos e realidades paralelas do game.

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As rupturas do tempo, que vão ser importantes para a narrativa, também trazem uma mecânica no gameplay: você pode saltar nas rupturas, se deslocando instantaneamente para outras partes do mapa, algo que ajuda bastante quando você está na pressão de muitos inimigos te cercando. Outros momentos vai ser preciso dobrar o "espaço-tempo" para avançar no mapa, trazendo alguns desafios interessantes.

O game tem muita ação e, infelizmente, durante a maior parte dos testes, só estava disponível o modo qualidade gráfica, que está presente em todas as capturas de tela usadas nessa análise. Ele trava a taxa de quadros em 30fps para manter alta resolução e também aplicar o máximo de filtros, e no gameplay não foi perceptível quedas na taxa de quadros mesmo em momentos de combates mais intensos. No último dia antes da queda do embargo foi introduzido um update com o modo 60 quadros, o que é uma boa pedida dado o grau de movimento que os combates trazem ao jogo, mas que não testei o suficiente para trazer impressões.

Graças a uma variedade de armas, de novos inimigos e desafios ao longo das fases, o game tem um ótimo ritmo e se mantém interessante até o final. Graças aos tempos de carregamento quase inexistentes, narrativa e gameplay mantém a ação e impelem o jogador a ir para frente. E falando na narrativa, ela é outro elemento importante desse game.

Capricho na narrativa

Nós já mencionamos recursos técnicos que viabilizam contar bem a história, mas nada disso se seguraria se não tivéssemos aqui um bom roteiro. E Ratchet & Clank manda muito bem na história. O game usa um argumento que funciona muito bem, mas que não é fácil de ser executado: múltiplas realidades se entrelaçando.

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Esse recurso de narrativa torna muito fácil dar ritmo a narrativa, já que basta pular de um lugar para o outro quando a história está perdendo ânimo, e se as coisas ficaram mornas basta mandar qualquer aleatoriedade no meio do caminho, algo que cabe em um roteiro que trata de algo tão aleatório como infinitas realidades paralelas.

O roteiro manda bem, mantendo um ritmo e impelindo o jogador a descobrir como a história vai terminar

Mas, ao mesmo tempo, é fácil de se perder se você abusar desse recurso, e a história pode ficar um Deus ex machina atrás do outro, ou melhor, um "não sei o que fazer aqui então HORA DE PARTIR A DIMENSÃO". "Ratchet & Clank" soube pesar bem os saltos de realidade com uma narrativa bem construída e clara, sabendo alternar bem entre os personagens e interligá-los em uma história bastante satisfatória de se acompanhar. 

Aqui vale um elogio para o excelente trabalho de localização para o Brasil, com todas as falas traduzidas para o português brasileiro e feito por profissionais que conseguiram entregar muita expressividade e com certeza agregaram ao carisma dos personagens, com excelentes atuações que vão desde a megalomania do Doutor Nefarious até o tom "zen" de Clank. 

Vale a pena?

Eu não tenho dúvidas que esse é um jogo para os fãs de games de plataforma, que já terminaram o que tinha para ser pego no Crash Bandicoot e estão atrás de um novo desafio, mas a qualidade da execução tanto da parte técnica quanto da narrativa fazem com que esse game tenha apelo para um público muito maior. O título da análise não foi à toa.

Ratchet & Clank entrega aquela experiência que ótimos filmes de animação tem conseguido, com histórias bem trabalhadas o suficiente para cativar públicos de várias idades. A diferença é que isso não é um filme apenas, então os momentos em que os controles entram em ação também precisamos de um bom game, e "Ratchet & Clank: Em uma Outra Dimensão" entrega uma jogabilidade desafiadora e variada.

Ratchet & Clank é um entretenimento para todas as idades que vale a pena ser jogado no Playstation 5, seja pelos gráficos, pela narrativa, pelo gameplay ou por tudo isso junto

O game mantém um ritmo excelente, com a narrativa intercalada - ou mesmo inserida dentro - do gameplay de uma forma que é difícil não ficar com vontade de jogar mais. Eu tiraria raros momentos, como alguns segmentos de puzzles que ficaram um pouco monótonos, em que o game deixou "a peteca cair". É um jogo que mantém o jogador preso à tela, ou para descobrir o desenrolar da história, ou porque se parar para piscar, perde.

RECOMENDA? SIM Gameplay, história e gráficos em um patamar de qualidade que tornam esse jogo uma recomendação certa
PRÓS
Gráficos excelentes
Enredo bem desenvolvido
Personagens carismáticos
Gameplay divertido e desafiante
CONTRAS
Fases de puzzles desinteressantes

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